DOR SEM ABISMO
foto de Luís lobo HenriquesVisão fracturada em duas
Coluna rompida qual pneus
Estômago ulcerado pela contenção da dor
Coração vadio fugindo ao desprezo
Manhãzinha, mascara-se de normalidade
Tranca, no silêncio, a dor
E parte para o trabalho
Age semelhante aos outros,
Cumpre a sua função.
Finda a labuta,
Regressa logo a casa.
Retira a máscara,
Solta a sua deficiência
Dá-lhe repouso, bálsamo e chá de lúcia-lima, genuíno, colhido da horta.
Já no deserto do sofá, envolta num aconchego de lã, diz:
- «Bem, vês que estou extenuada e preparada para o fim, lembra-te do meu pedido: deixa-me morrer à sombra de uma árvore.»
Deus responde-lhe:
- «Já vi que estás preparada, a tua árvore, já plantada, é que ainda precisa de crescer!»
Rosa Guedes, 22 de Maio/2008


1 Comentários:
É incrível a leveza com que escreve... A facilidade com que os seus pensamentos se transformam em palavras.
Gosto de me deixar envolver pelas suas emoções e de viajar pelos seus sonhos mas gosto ainda mais de ter a honra de me considerar sua amiga.
um beijo*
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